sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Em homenagem a um genio, a musica e letra de outros.



Acordai
Musica: Fernando Lopes Graça

Letra: José Gomes Ferreira

23 Fevereiro 1987


domingo, 22 de fevereiro de 2009

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De não saber o que me espera
Tirei a sorte à minha guerra
Recolhi sombras onde vira
Luzes de orvalho ao meio-dia

Vítima de só haver vaga
Entre uma mão e uma espada
Mas que maneira bicuda
De ir à guerra sem ajuda

Viemos pelo sol nascente
Vingamos a madrugada
Mas não encontramos nada
Sol e àgua sol e àgua

De linhas tortas havia
Um pouco de maresia
Mas quem vencer esta meta
Que diga se a linha é recta

José Afonso

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

+ censura



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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Charles Darwin


Na passagem dos 200 anos do nascimento de Charles Darwin, considero que das coisas mais significativas que nos legou com a sua obra, foi o conhecimento do que é o homem em relação à vida. Quando só se acreditava que o homem tinha sido feito à imagem e semelhança de Deus. Quando julgavamos que eramos fruto divino e que possuiamos alguma especie de poder sobre os demais viventes, Darwin conseguiu colocar-nos no nosso lugar. Mostrar que somos como todos os animais à face da terra e que não temos qualquer vantagem sobre os outros seres. Nascemos e morremos todos pela mesma razão.

Era bom que todos se lembrassem disso.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

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Vento Norte













Informação que genttilmente me é enviada, via mail, pela AJA (Associação José Afonso).

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Censura

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Tamanho real

“Por um lado aceito que eu, para as pessoas, represento determinadas coisas. Portanto, para estas pessoas, sou uma realidade que não recuso. Por outro lado, em termos de apreciação, creio que nem eu nem aquilo que as cantigas são se pode enquadrar numa bitola tão exigente como aquela que as pessoas me atribuem, nem eu, como cidadão, sou aquilo que me atribuem. Os mitos têm duas realidades. O mito é, normalmente, uma pessoa. E é aquilo que essa mesma pessoa representa na imagem popular. Portanto há duas realidades. Eu, como pessoa, tenho determinado tamanho; para os outros, tenho outro tamanho que não é o meu tamanho real; e, para outros ainda, sou aquele indivíduo cujo mito é preciso destruir”

Zeca Afonso
Entrevista à revista “Vida Mundial” 1972

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

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O "meu" Zeca.

Nós, os que o apreciamos, habituámo-nos a falar do Zeca, a ouvir falar do Zeca, a ouvir Zeca, a ler Zeca. De tal maneira que parece que todos o conhecíamos, que privámos com ele. Não raramente ouço alguém contar uma historia que passou com o Zeca Afonso e sabemos que, a serem verdade todas essas historias, o Zeca teria que ter estado em vários sítios ao mesmo tempo. Mas não faz mal. É bom sinal. Todos querem para si um pouco do que o Zeca tem. Sim, tem. Porque continua vivo e bem vivo. A sua musica continua genial, popular, erudita, clássica. E as suas palavras, infelizmente, cada vez mais actuais. “Os vampiros”, de 1963, podia ter sido escrito ontem. Quando escrevo isto, não posso deixar de pensar o que seria que o Zeca escreveria hoje? Matéria não lhe faltava. Que falta nos faz com a sua ironia, com o seu génio.

Quando eu soube que morreu, a primeira coisa que me veio à cabeça foi: E agora? Nunca mais vou ter aquela emoção da espera do próximo trabalho do Zeca? Foi o começo de um vazio que dura até hoje.

A grande admiração que tenho pelo Zeca Afonso é, primeiro, pelo génio musical e poético da sua obra. Da sua personalidade, a melhor discrição, a que vai mais de encontro à ideia que tenho, disse-a uma vez o maestro Carlos Alberto Moniz que fez parte dos músicos que com ele gravaram “O coro dos tribunais”. Disse ele sobre Zeca Afonso, num programa de televisão, que “o que dizia de manhã, fazia à tarde”, em contraponto, é claro, ao provérbio “diz uma coisa de manhã e faz outra à tarde” que define quem fala muito bem e depois faz o contrario.

Pessoalmente, tive dois contactos com o Zeca. Um, ainda criança. Deveria ter dez ou onze anos. Como era viciado em livros, onde os havia sem pagar, aí estava eu. E por isso e porque era perto da minha casa, ia para o Circulo Cultural de Setúbal, na altura na Av.ª 5 de Outubro. Foi um contacto muito rápido. O Zeca estava lá a dar aulas a adultos e a quem mais precisasse e quisesse, porque, sei agora, tinha sido expulso do ensino do Estado (porque seria?) . Eu nesse dia estava a “fingir” que jogava xadrez com um amigo e ele deu-me uma dica para uma jogada, quando por ali ia a passar e ficou a olhar para nós um breve momento. Porque me lembro disto? Não sei!
O outro foi muito mais tarde. Pertencia eu à direcção do Coral Luísa Tody quando por convite da cidade de Pau, em França, fomos lá cantar. Todos os elementos do Coral ficaram hospedados na casa de outros elementos do Grupo Coral de Pau, como era habito fazer nessa altura. Eu fiquei na casa da agora minha amiga Mme. Acosse que era, na altura (1982), presidente da Associação Amizade França Portugal.
Em casa de Mme. Acosse, fiquei curioso por ver que da decoração faziam parte as mais variadas referencias a Portugal. Nalguns quadros colocados na parede, na loiça, etc.… até que dei com vários discos do Zeca, num cantinho junto à lareira. Fiquei logo não só disposto mas danadinho para a conversa. Contou-me que tinham ficado amigos desde um dia em que, a pedido de uns amigos, tinha recebido o Zeca lá em casa, no tempo do fascismo em Portugal, numa altura em que ele, em fuga da policia politica, tinha passado a fronteira clandestinamente e foi para lá levado por esses amigos comuns. Contou-me como estava todo molhado e gelado quando lá chegou e que se tinha estado a secar e a aquecer, junto daquela lareira enquanto bebeu um chá. Depois disse-me que tinha perdido o contacto dele e quando eu respondi que só sabia que na altura morava para Azeitão, começou logo a disser que eu tinha que lhe arranjar o contacto dele. Vim para Portugal com aquilo na cabeça.
A primeira oportunidade foi quando o Zeca foi cantar aos Claustros do Mosteiro de Jesus em Setúbal, ainda no mesmo ano de 1982.
Quando acabou, tentei chegar perto dele mas estava difícil. Aquilo tinha seguranças e não deixavam ninguém passar para o local onde se encontrava. Já estava a ver que não ia conseguir chegar à fala com o Zeca quando me apercebi que ele ia a passar mesmo ali perto, do outro lado dos estúpidos dos seguranças.
Não fui de modas e gritei: Zeca, tenho um recado da Mme. Acosse!
Ele parou, veio ter comigo e perguntou: A Mme. Acosse? de Pau? o que é?
Eu disse o que era e ele pediu um papel a alguém e tentou escrever a morada, mas não conseguiu. As mão tremiam e não deixavam escrever. Então deu-me a caneta e o papel e disse-me: Escreve aí tu. A maquina não está grande coisa. E ditou-me a sua morada. Ainda me perguntou: E ela como está? Eu disse: Está bem! Palmada no ombro e foi-se embora. Porreiro. Obrigado pá!
Foi só isto, mas para mim é inesquecível. A admiração que tenho pela sua obra (ele não gostava nada destas coisas, eu sei…) faz-me ter estes momentos em grande conta.

O que conheço da sua personalidade faz-me questionar, por vezes, se merecemos pessoas como o Zeca. Sinceramente, hoje com a idade que tenho e depois de ver o que já vi, acho que não. Outros houve como ele, que lutaram sem dar importância ao ter e haver, na procura da Liberdade e da Igualdade entre todos. Olhando à volta e à forma como se tem portado, a Humanidade, salvo o exagero, não merece pessoas assim. Mas é esse facto que torna a luta em utopia. E “a utopia pode, efectivamente, concretizar-se” como disse o Zeca no memorável concerto no Coliseu.
A melhor forma, senão a única, de o manter vivo é ir desfrutando da sua obra. E, sinceramente, isso só é um enorme prazer.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Zeca. Ainda antes do 25 de Abril. O resto é historia!

A 29 de Março de 1974, o Coliseu de Lisboa enche-se para ouvir José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Manuel Freire, José Barata Moura, Fernando Tordo e outros, que terminam a sessão com "Grândola, Vila Morena". Militares do MFA estão entre a assistência e escolhem "Grândola" para senha do golpe militar que está em congeminação e que se concretizará, daí a menos de um mês, no 25 de Abril. No dia daquele espectáculo, a censura avisara a Casa de Imprensa, organizadora do evento, de que eram proibidas as representações dos temas "Venham Mais Cinco", "Menina dos Olhos Tristes", "A Morte Saiu à Rua" e "Gastão Era Perfeito". Curiosamente, a "Grândola, Vila Morena" era autorizada. É editado o álbum "Coro dos Tribunais", gravado em Londres, novamente na Pye Records, com arranjos e direcção musical, pela primeira vez, de Fausto Bordalo Dias e com a participação musical do próprio Fausto e ainda de Michel Delaporte, Vitorino, Carlos Alberto Moniz, Yório Gonçalves, Adriano Correia de Oliveira e José Niza. São incluídas as canções brechtianas compostas em Moçambique no período entre 1964 e 1967, "Coro dos Tribunais" e "Eu Marchava de Dia e de Noite (Canta o Comerciante)".
Depois...
Em 1974/75 Zeca envolve-se directamente nos movimentos populares e no PREC (Processo Revolucionário Em Curso), mas faz questão de não se filiar em qualquer dos sectarismos partidários existentes. Canta no dia 11 de Março de 1975 no RALIS para os soldados e estabelece uma colaboração estreita com a LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária), através do seu amigo Camilo Mortágua, dirigente da organização. A LUAR edita o single "Viva o Poder Popular", com "Foi na Cidade do Sado" no lado B. Em Itália, as organizações revolucionárias Lotta Continua, Il Manifesto e Vanguardia Operaria editam o álbum "República", gravado em Roma nos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro de 1975, nos estúdios das Santini Edizioni. As receitas do disco destinavam-se a apoiar a Comissão de Trabalhadores do jornal "República" ou, caso o jornal fosse extinto, como foi, o Secretariado Provisório das Cooperativas Agrícolas de Alcoentre. Desconhecido em Portugal, este álbum inclui "Para Não Dizer Que Não Falei de Flores" (versão de Francisco Fanhais da célebre canção de Geraldo Vandré), "Se os Teus Olhos se Vendessem", "Foi no Sábado Passado", "Canta Camarada", "Eu Hei-de Ir Colher Macela", "O Pão Que Sobra à Riqueza", "Os Vampiros", "Senhora do Almortão", "Letra para Um Hino" e "Ladainha do Arcebispo". Além de Francisco Fanhais, este disco teve o contributo de diversos músicos italianos.

Balada de Outono.Poema para Zeca Afonso

Uma noite um adeus sono vazio
águas das fontes choupos laranjais
as palavras levadas pelo rio
ó ribeiras chorai não mais não mais.

Ó ribeiras calai-vos anjo negro
cavaleiros vampiros rosa fria.
As palavras caíam no Mondego
era Outono e só ele se despedia.

Partir para Marrocos ou Turquia
embarcar na falua de Istambul
dobrar o cabo da melancolia
partir partir partir mais para o sul.

Ouve lá Zeca Afonso: e a cantoria?
- Preciso de partir para outro fado.
E havia em sua voz o que só havia
do outro lado.

Havia Bensafrim e a hospedaria
Um redondo vocábulo e um sino.
As bruxas. Mafarricos. Alquimia
para mudar o canto e o destino.

Por isso aquela noite sem saber
era outra a canção que lhe nascia.
Havia em sua voz uma estátua a arder
e Grândola era o país que não havia.

O calor de mais cinco e amizade.
S. Francisco de Assis: voz companheira
para levar aos pobres da cidade
uma canção à sombra da azinheira.

Poema de Manuel Alegre. Made in “Coimbra Nunca Vista” - 1995

Momentos unicos

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Também quero....


A minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente. Começar morto para despachar logo esse assunto. Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu. Em seguida a primária, ficar criança e brincar. Não tenho responsabilidades e fico um bébé até nascer. Por fim, passo 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia, e depois Voilá! Acabo num orgasmo!

Woody Allen

Ali está o rio












Ali está o rio
Dois homens na margem estão
Se um dá um passo o outro hesita
Será um valente? O outro não?

Bom negócio faz um deles
Tem o triunfo na mão
Do outro lado do rio
Só um come o fruto, o outro não

Ao outro passo o p'rigo
Novos castigos virão
Se ambos venceram o rio
Só um tudo ganha o outro não

Na margem já conquistada
Só um venceu a valer
Perdeu o outro a saúde
Mas nada ganhou pra viver

Quem diz "nós" saiba ver bem
Se diz a verdade ou não
Ambos vencemos o rio
A mim quem me vence é o patrão


Luis Francisco Rebello e José Afonso
Baseada na peça de B. Brecht "A excepção e a regra"